quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Sumo de laranja a brotar do espremedor de citrinos

Há muito tempo que não te vejo. Anos ou milénios? Já não sei quanto tempo passou, só sei quando foi. Naquela noite de inverno, entre sorrisos e encostes de faces, intercalados entre goles e risadas à debandada... Lembro-me como se fosse hoje. Lembras-te? Já sabia a resposta. É difícil não esquecer o que não é importante. É a razão para me lembrar. É a razão de não me conseguir esquecer.

Não vale a pena perguntar nem tocar no passado, por mais recente ou tardio que ele seja. Não vale a pena arrepender por aquilo que não se fez, porque o que deve escorrer arrependimento é o feito e dito. Tal como sumo de laranja a brotar do espremedor de citrinos - quem tiver limões também pode, só fica mais azedo. Por falar em azedo, já me devias dar azia de tanto me caíres mal no estômago. Mas é como se a razão fosse totalmente contrária à emoção - e é.

A falta de afazeres não ajuda ao esquecimento. Faltam as horas finitas e por alongar, faltam-me os gracejos acastanhados das amêndoas perspicazes e bem ovais de felino atento. Sinto falta da demora de leitura dos meus pensamentos - banais eternidades - e do afagar de peles, sem me esquecer da fragrância agradável e conhecida.

Nota: nova aquisição literária - Marcada de P. C. Cast e Kristin Cast da editora Saída de Emergência - ao lado na barra lateral em Bagagem de Mão.

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