segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Desejo mais um pouco de regresso.

Não me quero ir embora sem pensar no regresso. Porque é a pensar nele que me vou embora. Confuso? Não, nem por sombras, que a escuridão às vezes é tão clara quanto um dia abrasador de verão. Adoro quando te lembras, e odeio quando só eu me recordo.

Às vezes ilustro, não só quadros, mas também imagens e sonhos, mesmo quando acordada e sonolenta, à espera que o despertador não toque. Por favor, não toques agora, prefiro acabar isto neste momento e não depois.

Cheira-me a comida vegetariana. Nem sei como ainda não enjoei, talvez porque a carne é que me revolta o estômago, o sangue a escorrer pelos talheres espelhados e, efectivamente, afiados. Odeio carne mal passada. Embora deteste que me moam os pensamentos.

Adoro livros acabados de estrear, o cheiro a folhas impressas é viciante, como hei de abordar de forma entusiasta os livros electrónicos? Não abordo, deixo-os de parte ou só me encosto a eles quando é preciso. Ao fim de contas, parto e regresso sempre anexada aos melhores amigos do Homem, como pendentes obrigatórios. Sinceramente, não poupo dinheiro para comprá-los, são essenciais. E quando se descobrem sites com livros na língua nativa a metade do preço da tradução portuguesa, e sem despesas de portes, melhor ainda.

Deixa-me dormir só mais um bocadinho antes de embarcar e partir. Desejo mais um pouco de regresso.

domingo, 29 de agosto de 2010

Água com Cafeína


É bom conviver. Nada substitui um jantar de amigos, conhecidos ou mesmo desconhecidos, em detrimento da banalidade da internet e redes sociais que castram as pessoas na sua vertente de seres humanos que vivem no mesmo planeta e que têm que conviver uns com os outros. Nada substitui o tal café que se combina, mesmo que não se beba a tal água com cafeína. Pois há quem se esqueça que se não fossem os outros, nós não seríamos ninguém, nem seríamos o que somos. O mundo não é formado à nossa medida, nós é que temos que nos adaptar.
Como é bom trocar ideias sobre um assunto a partir de diferentes pontos de vista! Nada substitui as tertúlias onde nascem novas ideias, criam-se metas e objectivos, traçam-se planos e suposições.

domingo, 8 de agosto de 2010

Um Companheiro Inesquecível


Susanna Tamaro, autora italiana conhecida com um dos seus bestsellers Vai Até Onde Te Leva o Coração, lançou em 2008 uma obra intitulada Um Companheiro Inesquecível.

Esta estória não tem propriamente um cariz romântico, mas toca no amor que se pode nutrir por um animal de estimação encontrado por nós em qualquer local, até mesmo no caixote de lixo embrulhado em qualquer coisa. Isto é o que acontece com Anselma, uma senhora de meia-idade que reside em Roma sozinha e que até então vivia para sobreviver e não para viver. Um papagaio da Amazónia com as cores do arco-íris que lhe faz pensar na sua vida, fazendo com que ame de novo, esquecendo o marido que afinal não tinha ficado coxo no serviço militar, e os dois filhos que querem que a mãe tenha companhia a tempo inteiro para atenuar as suas preocupações pouco partilhadas pela nora e genro, respectivamente.

Anselma vai fazer de tudo para proteger o seu animal de estimação, até ponderar a sua própria existência. Uma narrativa que explora alguns retornos ao passado da personagem, entre idas e vindas, pessoas que passaram, como a melhor amiga Luisita, colegas de profissão, entre outros. Uma quebra nas rotinas estabelecidas, naquilo que já não fazia há anos e no que de novo ainda fará.

domingo, 1 de agosto de 2010

O Clã da Loba


O Clã da Loba - Livro I da saga A Guerra das Bruxas de Maite Carranza, escritora espanhola, é o primeiro de um mundo real onde as bruxas existem, como o próprio nome indica.

Anaíd parece uma rapariga diferente para a sua idade, na medida em que é pouco desenvolvida para os catorze anos, muito inteligente e sabichona. Entretanto, a mãe Selene desaparece, tudo indica ser por exclusiva vontade, mas a filha tem a certeza que não, embora haja alguns momentos de hesitação. A rapariga passa a estar à guarda de Criselda, a irmã da avó Deméter, que já havia morrido.

Com a saída de cena de Selene, Anaíd descobre que afinal é uma bruxa Omar, isto com o auxílio das amigas de Selene e também bruxas.

A existência das bruxas Omar e Odish, não é pacífica devido a histórias passadas. Tudo indica que Selene é a eleita que cessará a guerra entre os dois tipos de bruxas. Assim, Anaíd vê-se obrigada a resgatar a mãe, que é "sequestrada" pelas Odish, com o intuito de serem estas as vencedoras.

Uma aposta da Editorial Presença neste ano que comemora os seus cinquenta anos.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Tic-tac

Porque me fazes isto? Eu sei que não consigo lutar contra ti, e por isso devia ser tua aliada. Mas é difícil esquecer-te, pois estás sempre presente, nunca te vais embora, seja quando estou ocupada ou sem nada para fazer. Porque no silêncio, és efémero, e na exaustão também o és.
Podes passar, embora a memória permaneça inerte. Posso perdoar e esquecer, e voltas a abrir-me uma fenda. Podes ir embora e não dizer nada, porque antes nem palavras foram precisas. Quando elas começaram a ser necessária, tudo se evaporou e foi com o vento - "palavras, leva-as o vento".
És a agulha no palheiro, a última gota de água do oceano, o último respirar, o lince ibérico em extinção, a faca de dois gumes, o diamante por lapidar, o sorriso triste, o espelho da alma, o poço dos desejos, a cara ou a coroa da minha última moeda de cem escudos, a minha arca de madeira trabalhada, a minha biblioteca pessoal, as minhas fotografias mais antigas, a minha amnésia momentânea...
És tudo e às vezes nada, algo inventado pelo homem, que já antes existia. Sim, não é só a pescada que antes de o ser, já o era. O tempo sempre cá esteve, mesmo que não o saiba.

sábado, 10 de abril de 2010

Um dia...

Um dia vou implementar a lei da Felicidade para todos. Não há a saúde para todos? Um dia vou dar a volta ao mundo sem ser em 80 dias, que tal mais? Um dia vou ali e já venho quando me apetecer. Um dia direi o que me apetece sem repercussões. Um dia não direi nada, e silêncio far-se-á. Um dia saio sem pedir licença. Um dia direi tudo o que não disse a quem devia ouvir.
Esse dia será longo e cansativo, cheio de peripécias e aventuras. Será o melhor dia que acontecerá, e talvez o pior. Será tudo o que nunca foi e o que jamais será.