terça-feira, 19 de maio de 2009

Ficção policiária: Cabo da Víbora


Policiais são matreiros e verdadeiros quebra-cabeças de diferentes níveis de dificuldade. Agatha Christie foi de facto "uma das maiores assassinas do seu tempo", no bom sentido é claro. Contudo ainda continua a fazer "vítimas" em cada livro seu lido, em cada caso resolvido. A literatura mistério é isso mesmo, um enigma até ao fim, um desafio da esfinge.

Cabo da Víbora/Ordeal By Innocence é uma obra interessante com questões e pontas soltas até às últimas páginas. O assassinato de Rachel Argyle parecia um caso arrumado, até surgir Arthur Calgary a servir de álibi para Jacko Argyle, um dos filhos adoptivos de Rachel e suposto assassino. A vinda deste desconhecido à residência dos Argyles ao Cabo do Sol vai mudar muito a vida desta família, uma desorganização total. O ponto substancial é que Calgary sentir-se-á responsável por esta bagunça e onda de desconfianças, tornando-se o "Poirot" desta obra - Poirot não é personagem neste livro.

Se algum dia as tuas palavras ou actos influenciassem tanto a vida e relações interpessoais de um grupo, seria óbvio que tentasses solucionar o problema. Mas até que ponto fazermos aquilo que está certo significa o mesmo para os outros? Nem sempre. Porque o que acho importante pode não o ser para ti. Porque as pessoas se interessam consigo e com a sua esfera, deixando de parte o que fica depois da vedação delimitada por elas próprias, aquela linha imaginária. É o mesmo que saber que o aquecimento global possa ter determinadas consequências, entre elas, o aumento do nível da água do mar e não nos importarmos com as ilhas que possam ficar submersas, pois não nos afecta directamente, e continuarmos a poluir de forma desalmada.

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